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A coragem dos moçambicanos é a chave para romper com a farsa democrática, diz Cambrão

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O sociólogo de Moçambique, Pedrito Cambrão, afirmou nesta Quarta-feira (23.10.2024) que, para os moçambicanos alcançarem uma democracia autêntica, substantiva, plural e participativa, é essencial que tenham coragem e mantenham sua indignação.

Ao discursar na cerimónia de abertura da 14ª jornadas científicas das faculdades de Educação e Comunicação, Direito e do Instituto de Educação à Distância da Universidade Católica, afirmou que a indignação nos mostra a importância de não conformar com a situação actual, enquanto a coragem nos impulsiona a mudar a realidade actual.

“Apesar dos pesares, esse tempo sombrio, de crise da democracia em Moçambique, haja esperança, pois, como diz o Santo Agostinho [Patrono da UCM], A esperança tem duas filhas lindas: a Indignação e a Coragem. A Indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, a Coragem, a mudá-las. Então, haja indignação e coragem, se queremos uma verdadeira democracia substantiva, pluralista, participativa, sustentável em Moçambique”, disse Cambrão.

Cambrão afirmou ser igualmente essencial que todas as forças activas da sociedade adaptem uma postura proativa.

Pedrito Cambrão, ao abordar o tema “o Contributo do ensino superior para a Democracia Moçambicana”, disse que, até o momento, a universidade é a única que oferece uma contribuição limitada para a formação da cidadania relacionada à democracia, especialmente quando comparada a outros actores.

De acordo com Cambrão, a sociedade civil tem realizado as suas funções, assim como a ordem dos advogados, que têm actuado de forma proactiva em questões relacionadas à legislação e outros aspectos jurídicos. No entanto, a academia ainda não tem cumprido seu papel.

De acordo com Cambrão, no processo de desenvolvimento da cidadania e da democracia em Moçambique, os estudiosos e académicos têm um papel crucial em esclarecer, por meio de seu conhecimento, as causas das transformações e dos desafios sociais, identificar as indicações do surgimento de novas maneiras de viver e de se relacionar, e, principalmente, propor soluções criativas para as demandas sociais.

“Pois, ser académico ou intelectual não nos despe nem nos dispensa da cidadania, pelo contrário se nos impera uma grande dose ou responsabilidade de cidadania pelo privilégio do conhecimento que temos, o que nos impele a lutar por uma sociedade próspera, desenvolvida, justa, equitativa, mais humana e fraterna; uma sociedade onde os recursos com a qual Deus nos abençoou sejam explorados e contribuam para o desenvolvimento do país, mas mormente tenham impacto na vida de cada cidadão”, disse continuou.

“A Ordem dos Advogados tem se envolvido em assuntos relacionados às leis e questões pertinentes ao direito, enquanto o Centro de Integridade Pública e o IESE, têm conduzido suas pesquisas económicas e sociais. Além disso, a sociedade civil também tem actuado de maneira significativa. Nós, como académicos, devemos investigar e partilhar o saber com as comunidades. Essa é a nossa ferramenta: Pesquisar, escrever e divulgar”.

Pedrito Cambrão afirmou que a Universidade representa um espaço onde o saber é amplo e engloba diversas disciplinas. Assim, o termo “universidade” possui em sua etimologia a noção de uma colectividade intelectual unida em busca do conhecimento e da aprendizagem em várias áreas. Cambrão enfatiza que nesse ambiente os académicos devem se dedicar à pesquisa, à escrita e à troca de saberes, contribuindo para o fortalecimento das comunidades e a formação de uma cidadania activa.

Pedrito, também expressou severas críticas à actual democracia em Moçambique, destacando que, no presente, ela não reflecte plenamente os desejos da sociedade. Isso se deve a diversos factores, incluindo a ausência de uma cultura democrática nos partidos políticos, que priorizam a disciplina do alinhamento partidário; e a imposição da votação da maioria no parlamento, onde os parlamentares acabam se tornando simples eco das directrizes dos seus partidos. Raufa Faizal

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