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ELEIÇÕES GERAIS 2024

Maurício Régulo:“O fraco desempenho da Renamo e Mdm expõe as fissuras tribais ao nível interno”

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O especialista em política e professor universitário, Maurício Régulo, afirma que os baixos desempenhos eleitorais dos dois principais partidos de oposição nas diversas províncias do país, revelam questões relacionadas a tribos e etnias, além das disputas internas por posições de liderança.

Tanto na Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) quanto no Movimento Democrático de Moçambique, os membros enfrentam um problema semelhante, pois a maioria deles não se alinham com suas lideranças.

No contexto da Renamo, além da incompetência atribuída ao seu líder, Ossufo Momade, que gera divisões entre os membros, a maioria deles, acreditam que a direcção do partido deveria ser exercida por alguém da região central, uma vez que compreendem que a origem do partido está nessa área.

Maurício Pedro Régulo, que possui um mestrado em ciências políticas e estudos africanos, afirma que este é o momento ideal para a Renamo buscar soluções internas que assegurem a sua identidade histórica junto ao povo moçambicano. Ele sugere que uma dessas soluções poderia incluir a destituição do actual Presidente do partido.

“É o momento da RENAMO procurar desde já uma liderança alternativa. Ossufo deve considerar a possibilidade de renunciar ao seu posto e assumir um papel de assessor ou se tornar um Presidente honorário, algo nesse sentido. Essa mudança seria mais benéfica do que manter a situação actual. Uma eventual saída de Ossufo Momade poderia abrir espaço para revitalizar a RENAMO, criando oportunidades para que o partido volte a ter a relevância que possuía. Em 2019, a RENAMO tinha grandes chances, cerca de 100%, de conquistar a vitória nas eleições, mas desde então, testemunhamos uma divisão interna. Há facções que apoiam Nhongos e outras dominadas por membros da Beira.”

Régulo observa que essa divisão interna, alimentada pelas disputas que ocorreram no congresso que elegeu Ossufo Momade, gerou um cenário que impactou os resultados que a RENAMO tem conseguido ou alcançado nas eleições em curso.

“Durante a campanha eleitoral, Ossufo Momade surgiu apenas dez dias após o início do processo, permitindo que perdesse espaço político. Além disso, a própria Renamo se encontra em desordem, o que pode resultar na perda de seu status como o segundo partido mais votado ou o maior partido da oposição. Acredito que, se antes contava com mais trinta deputados na Assembleia da República, pode acabar ficando com apenas trinta ou até mesmo vinte, se conseguirem alcançar esse número.”

Ao se referir ao MDM, Mauricio Régulo acredita que Lutero Simango carece da experiência necessária para dar continuidade às visões de seu fundador, apesar de serem irmãos. Na verdade, a escolha do irmão do fundador para a presidência do partido fez com que o MDM fosse percebido como um partido familiar, o que pode ter influenciado os resultados que tem obtido.

Maurício Régulo, acredita que as lideranças dos partidos políticos deveriam passar por um processo de renovação periódica, seguindo os princípios democráticos.

“Os bens políticos e económicos não são destinados ao consumo permanente do ser humano; eles surgem e desaparecem, voltando em momentos diferentes. As pessoas se transformam, assim como a liderança, e os partidos políticos possuem uma característica de serem organizações duradouras em relação aos seus líderes, que deveriam ser temporários. Por isso, é necessário haver uma democracia interna nos próprios partidos”, afirma, considerando Lutero Simango uma figura inadequada no contexto do MDM.

“O MDM contava com David Simango como seu principal representante, um nome bem conhecido entre as pessoas. Por sua vez, Lutero possui um histórico como de um partido denominado PCM, fundado por seu pai. Diante disso, as pessoas estão atentas a esses eventos. Ele acabou herdando um cargo do irmão, o que não deveria ocorrer dessa forma. Por um lado, seria necessário que ele se afastasse do PCM para se tornar membro do MDM, mas isso não aconteceu. O eleitorado actual é diferente do que existia anteriormente; hoje, os eleitores têm acesso a mais informações.” Losangela Mussa

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